quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Livro Negro do Terrorismo no Brasil

Livro Negro do Terrorismo no Brasil

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Livro Negro do Terrorismo no Brasil é como ficou conhecida uma peça de propaganda política intitulada As Tentativas de Tomada do Poder", escrita por uma comissão de militares em meados dos anos 80. Tendo sido começado alguns meses após o fim do período de ditadura, consiste de uma resposta aos relatos que à época começaram a surgir, dando conta das atrocidades cometidas pelo governo militar brasileiro durante os chamados "Anos de Chumbo".

Origem

Ao término de 21 anos de ditadura militar, em 1985, a Arquidiocese de São Paulo pôde lançar o volume "Brasil: Nunca Mais", escrito por Paulo Evaristo Arns, que denunciava torturas e assassinatos de presos políticos, cometidos pelo regime. A obra causou a indignação da sociedade civil, e enfureceu os chamados militares da "linha dura" ou de ultra-direita.

Leônidas Pires Gonçalves, general e ministro do exército, designou ao CIE (Centro de Informações do Exército) a tarefa de preparar, em resposta ao livro da Arquidiocese, um documento relatando a versão dos militares sobre os conflitos armados com a esquerda. O projeto recebeu o codinome "Orvil", ou "livro" escrito ao contrário, e foi elaborado em sigilo ao longo de três anos, por cerca de 30 oficiais que tiveram livre acesso a documentos classificados (secretos) do exército.
Concluído em 1988, o livro, dividido em dois tomos, foi batizado de "As Tentativas de Tomada do Poder". O general Leônidas apresentou sua obra ao então presidente da República, José Sarney. No entanto, considerou-se que seu lançamento iria reacender conflitos ideológicos que já haviam causado muito dano, e começavam a ser finalmente apaziguados com a Lei da Anistia. Contra a vontade de Leônidas, o documento foi arquivado, sob a classificação de material secreto.
Aos poucos, partes do documento acabaram vazando, sendo contrabandeadas para fora dos arquivos e bibliotecas do exército, e eventualmente pequenos trechos chegaram a ser publicados na internet. Pressionado pela imprensa, o general Leônidas acabou confirmando a existência do livro em 2000, mas seu texto na íntegra continuava inacessível ao público. Especula-se que nesta época havia apenas cerca de 15 cópias da obra, acessíveis apenas a um círculo rigorosamente fechado de oficiais da ativa e da reserva.

Conteúdo, verdades e mentiras

A maior parte de "As Tentativas de Tomada do Poder" consiste de uma retórica político-ideológica, escrita no jargão típico das casernas e delegacias, e procura denegrir, tanto quanto possível, todos os que de alguma forma se opuseram ao regime. Guerrilheiros, como Carlos Lamarca e Carlos Marighella, são descritos na obra como os mais pérfidos assassinos e traidores da pátria.

Ao mesmo tempo, classifica como "heróis" e "mártires" aqueles que comandaram o Brasil e promoveram a repressão durante os Anos de Chumbo. Como exemplo representativo, citemos o caso do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury, que integrou o DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social). Falecido em 1979, Fleury, que passou para a história como responsável pela tortura e assassínio tanto de criminosos comuns quanto de presos políticos, é citado como "incansável lutador contra o terrorismo no Brasil".
Em outros trechos, o livro parece apelar para variadas formas de denegrir ou desmoralizar seus desafetos. Por exemplo, em um evento organizado por estudantes considerados "subversivos" e dissolvido pela Polícia Militar, a narrativa alega que o local era um ponto de encontro para consumo de bebida e drogas, e onde moças cumpriam "escalas de horário", em que eram "servidas" aos líderes estudantis para orgias sexuais. Noutro caso, um ex-guerrilheiro é descrito como homossexual assumido, trabalhando em uma sauna gay.

Material secreto e suas implicações

Tendo sido compilado a partir de documentos secretos do exército, "As Tentativas..." acaba desmentindo o próprio exército. Por exemplo, revela que o mesmo tinha conhecimento da prisão e/ou morte de vários guerrilheiros e opositores, de cujo destino o exército até hoje nega oficialmente ter conhecimento.

É possível encontrar trechos comprovando que o exército omitiu informações até sobre a morte de seus próprios homens, como o sargento Mário Ibrahim da Silva, morto no Araguaia em 1972 durante confronto com guerrilheiros do PCdoB. Os familiares de Mário jamais tiveram acesso a uma versão oficial do que realmente aconteceu com ele. Como muito se fala sobre os anos de ditadura e os documentos são escassos, este livro apresenta-se como uma compilação de vários documentos da época. Vale fazer um paralelismo dos acontecimentos daquela época com os acontecimentos recentes

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